Vivendo com Dragões
Ainda acordado, começei a sonhar. No meu sonho, eu despertava minha consciêcia e via minha mãe me alimentando, ela era uma dragoa. Eu estava ali como uma criança dragão, numa caverna sendo cuidado e protejido pelos meus pais dragões.
Então passaram os dias e me acostumei em ser um filhote de dragão. Até que um dia, já crescido, minha mãe me disse que iria partir e que eu já estava formado. Eu deveria aguardar mais alguns meses e estaria adulto completo e seria capaz do meu próprio sustento. Ela deixou uma quantidade de alimentos para eu me sustentar até completar minha maturidade e foi se embora. Então, minha consciência voltou a dormir naquele corpo de jovem dragão, quando tinha fome me alimentava e por ali ficava vegetando até que meus dias chegassem.
Um certo dia, conforme dito, minha conscieência despertou novamente. Tudo que eu tinha era uma grande fome, algo que doía profundamente me obrigando a procurar alimento. Então, saí daquela caverna e fui procurar comida, tão obstinado que não me preocupei em voltar, ou mesmo ter qualquer memória daquele lugar.
Algo me levou para as montanhas onde encontrei uma nova caverna, para ser meu lar, que me acolhia. Ali passei a ficar. Sempre ao iniciar à noite, eu saia para caçar e ao final antes de amanhecer voltava para lá.
Antes de sair da caverna para fazer coisas de dagrão, olhava lá embaixo, nas planícies e vales pessoas humanas que viviam na vizinhança. Apesar de serem reserva de alimentos, nunca me interessava em usá-los para esse fim, nem suas criações, nem nada. Era uma consciente política de convivência.
O tempo passou, a maturidade chegou, o espírito guardião me ensinava a sobreviver cada vez mais, como um pai ou um mestre no mundo espiritual. E nessas induções dele me orientava a emitir urrados chamando por outros da minha espécie. Os anos se passaram e ninguém respondia meu chamado, eu voava cada vez mais longe em busca de pares, e do ponto mais distante onde chegava urrava mais uma vez, e chamava por outros, sem nenhuma resposta.
A solidão me invadiu a ponto de aceitá-la como minha companheira, minha condição solitária me fez bastar naquela existência. O tempo passava e cada vez minha dor psicológica aumentava. Eu viajava grandes distancias à procura de outros e não tinha sucesso.
O tempo passou tanto que aprendi a conviver com à dor e com tudo que agregava a ela. Contudo, seguindo a orientação do espirito guardião, sempre no começo da noite, antes de sair, urrava e urrava. Partia para explorar o mundo. E o mais longe que ia, era o ponto de onde emitia o forte rugido chamando por outros, destas vezes, mais por obrigação, que por qualquer outra razão.
Certo dia, fui acordado ainda no clarão do dia. Era um homem que chegava à entrada da minha caverna. Ele veio para me matar, assim ele me disse. Ele proferia bravatas e mentiras. E também disse que fora enviado pelo povo da vizinhança porque meus uivados os incomodavam.
Olhei para aquela criatura, pequena, lenta, sem habilidades e muito fraca, não vi nele qualquer ameaça ou condições de me atingir ou cumprir sua missão.
Falei com o espírito guardião e ele apenas orientou a devorá-lo. Não o fiz. Vi uma oportunidade de por fim a minha dor e acabar com meu sofrimento. Busquei, orientação com o espírito guardião e pouco foi me oferecido sobre tantas informações que o homem trouxe do mundo dos humanos.
O homem vendo minha pasciência e superioridade, desistiu de tirar minha vida, ia partir. Então, impedi que ele deixasse o local. O instiguei e ele tentou fugir de mim. Ameaçei e então ele se levantou sua guarda, foi minha oportunidade de mirar meu peito e jogar todo meu peso sobre sua lança e obrigar a penetrar até meu coração.
O sangue jorrou até o fim, eu não morri. O homem por misericórdia tentou a todo custo auxiliar minha passagem, mas era impotente demais para produzir um resultado, ou mesmo causar qualquer dano a minha vida.
Chamei pelo espírito guardião em busca de auxílio para cessar aquela dor e conduzir minha morte, mas ele nada pode fazer e seu conselho foi para eu aguardasse até a morte chegar. Doía muito, eu sofria demais até o fim.
Ao cruzar o um o umbral um enredo se formou. Apareceu uma dragoa jovem e bela. Aconselhando-me a reagir e ressucitar meu corpo. Segundo ela isso era possível. Eu lhe falei, esta condição fui eu quem desejei e realizei, não tenho motivo para isso.
Então, minha consciência foi levada para o local onde ela morava, e lá havia muitos dragões. Do mundo dos mortos, felei com um líder alfa. Ele me disse que todos alí ouvia meu chamado, porém intencionalmente nínguem respondia e até criava condições de se esconder de mim. Dragões são grandes e os alimentos são escassos para todos, um a mais seria um desequilíbrio.
Nesse interim, a jovem insistia, que ainda havia tempo para que eu recussite-se. Ela dizia ser uma prometida parceira e que nascemos um para outro, que viveríamos uma vida juntos de muitas felicidades.
Com minha visão espiritual, vi na memória coletiva a vida da jovem dragoa. Era o oposto da minha que eu tinha vivido. Ela vivia na opulência de muitas amizades e diversão. Ela amava o seu estilo de vida e desejava ser uma solteira, gozando os prazeres do descompromisso.
Então deixei aquele lugar e subir aos mundos interiores em busca de respostas. Quando voltei aquela região do umbral, ainda à jovem buscava junto aos espirítos guias e superiores um meio de trazer minha vida ao mundo dos vivos naquele sonho.
No umbral mais uma nova opção foi exposta pela minha prometida, já que o humanos depredaram o meu corpo removendo as partes para se alimentar dela, nascer novamente, numa nova encarnação era uma saída. Eu recusei a proposta veementemente. Minha longa vida foi um horror de solidão e dor, não havia qualquer motivação para eu voltar para aquele mundo novamente.
E mergulhei na memória coletiva dos dragões entendendo o desespero daquele ente. Ela seria morta sem mim. Ela sem mim se tornara uma inútil solitária, um peso para a coletividade. E eles assassinaram à dragoa.
No mundo astral encontramos em igualdade em espírito novamente, um novo cenário se formou entre mim e ela. Naquela circunstância já tinhamos perdido à forma de dragão e eramos espíritos virgens. E agora eu sabia quem era a jovem dragoa. Ela era uma de minhas esposas no mundo humanos de outras encarnações.
Ele injuriou, brigou, chingou, ameaçou e a minha consciência entrou esvaiu daquele mundo. Aquele sonho se apagou e acordei sem entender porque esse sonho aconteceu.
Tentei buscar uma lógica para entender o que significava eu viver um sonho dessa naturza. Tão demorado, fortemente impregnado de realidade, carregado de energias psíquicas e tão marcante na minha mente. Passei semanas pensando nisso.
Então, mergulhei minha mente no meu mundo interior procurando localizar um tempo e um espaço para aquilo acontecer e não tive respostas.
Em busca de sentido, lembrei dos meus estudos de budismo, naqueles textos diziam que no mundo espiritual, existe uma região, um mundo onde vivem os dragões e pessoas. Mas eu não posso provar.